quarta-feira, 30 de abril de 2014

Lavadeira longe de nós





Em tempos de tantos post´s relativos ao tema racismo, é importante deixar anotado o posicionamento preconceituoso da governança pernambucana que ainda insiste em negar a herança africana dentro das nossas terras. Há alguns anos, já vínhamos assistindo ao desmantelamento da Festa da Lavadeira com parcos recursos e falta de local para a festa popular que homenageia aspectos da religião afro.

O cancelamento da Festa da Lavadeira no Recife em 2014 é mais do que sinônimo de falta de verbas ou coisas do tipo. Na realidade, é a expressão de que ainda temos muito a avançar no quesito relativo à igualdade racial e respeito ao outro e às suas origens. Bom lembrar que na nossa vizinha Bahia, Iemanjá é reverenciada todos os anos, no famoso 2 de fevereiro, reunindo milhões de pessoas. Público este, que não é formado apenas pelos seguidores do candomblé, mas por muitos que entendem e respeitam a multiplicidade da fé em seus aspectos culturais e religiosos.

Enquanto isso, Pernambuco anda para trás!

Para entender o cenário sugiro:
Central PE
http://www.centralpe.com.br/2014/04/com-a-festa-cancelada-a-boneca-lavadeira-vai-passear-nas-ruas-do-recife/

terça-feira, 29 de abril de 2014

Sobre bananas e racismo


Fiquei um dia só no processo de observação desta onda enlouquecida de que "SOMOS TODOS MACACOS". Bem certo que a internet é um meio mega veloz e que muita gente sai postando e compartilhando ao quatro ventos, sem refletir muito o que tá fazendo.

Mas essa onda, que infelizmente, tem a frente gente de mídia como Neymar, Daniel Alves e agora famosos, está totalmente equivocada.

Com maior respeito aos animais, eu não sou macaca! Adoro bananas, não como carne vermelha e luto por um mundo mais justo. Racismo é crime e quem o pratica deve merecer a justa punição.

Só lembrando: #nãosomosmacacos

Luciano Huck vendendo camisa:


Dica de leitura lúcida do colunista da Carta Capital, Belchior:

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Lentes negras ao nosso lado


Fotos: Fafá M. Araújo

Esta pequeno texto é motivo de alegria para o Postagens Negras. O nosso blog vai contar agora, com os olhares negros do fotógrafo Fafá M. Araújo (Salvador/BA). Ele disponibilizou seu arquivo de imagens para que tivéssemos a oportunidade de dizer em "cor e forma", aquilo que nos falta na palavra.

Fafá, gratidão pelo apoio. Vamos em frente unindo mãos.



O trabalho dele pode ser conferido aqui:
https://www.facebook.com/Fafa.Araujo.fotografia

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Cinema negro brasileiro ocupará tela em Cannes 2014



Imagem do filme O dia de Jerusa/Foto: Léo Guma

Durante estes dias de feriadão, acessei muitas matérias que falavam sobre o Festival de Cannes, que se aproxima. Uma frase, chamou-me a atenção, exposta de forma contundente em vários textos:  "Nenhum filme brasileiro em Cannes". Entendo que tal frase, refere-se ao quesito de filmes que irão concorrer aos prêmios.

Porém, isto deixa-me a sensação de quanto a nossa grande mídia ainda peca em não abordar de forma adequada, produções como "O dia de Jerusa", de Viviane Ferreira, e o "The Summer of Gods", de Eliciana Nascimento. Os dois filmes serão exibidos em Cannes 2014, dentro da programação de curtas e isto significa que é uma grande conquista de duas diretoras negras brasileiras.

Que verdadeiros espaços se abram num processo mais plural.

Confira mais sobre "O dia de Jerusa" pelo face:
https://www.facebook.com/odiadejerusa


Orixás nas telas de Cannes


O curta "The Summer of Gods", da baiana Eliciana Nascimento, foi selecionado para ser exibido no Festival de Cannes, na França. 

Confira mais em: 



Nasci negra depois dos 30


2014 é o ano do meu nascimento. Durante 36 anos, ou desde o que  dia em que tenho lembranças de quem fui ou tornei-me a ser, fui  "morena clara", morena e também achei-me branca. Mas,eu negra?  não,não...

Como todo ser humano que constitui-se dentro do seu meio, fui  educada como sendo branca, de religião católica. Nunca havia feito  nenhum questionamento sobre a minhas heranças africanas. Ao  contrário, vive lutando para negar marcas genéticas, como o tipo de  cabelo. Cabelo este que eu considerava ruim e difícil de se manter  domado, dominado. 

Quado a idade de moça foi chegando, achava-me feia e escondia-me  em mim.Porém quando o som dos tambores ecoava através dos  grupos afro que eu via na televisão, sentia fortaleza e atração.Naquela  tempo, eu menina-moça morava à beira do rio São Francisco, nascida   em terras baianas de Juazeiro e crescendo em terras  pernambucanas de Petrolina. Missas e alisamentos colocavam tão  herança bem longe de mim.

Mas o gosto pela música vindo da minha Bahia, onde foi gerada e  recebida, ecoava em minha alma e me trazia sensação de ligação e  que querer chegar mais perto. Mas eu? negra não! A música era  deles..

No crescimento do corpo físico e desejo de crescimento intelectual  sigo para capital Recife, desejando o Jornalismo. Os olhos abrem-se  para novos "mundos" representados em sons, em textos, em gente.  Era maracatu, coco, ciranda...Som que ecoava em mim.  Conquistando-me...religando-me. Mas eu? negra não!

O som dos tambores, o bailar dos grupos afro me encantaram. Os  primeiros anos na capital também marcaram a minha vida na busca  por uma religiosidade mais profunda. Foram tempos de andanças e  de buscas...Mas eu, "morena". 

Os dogmas do catolicismo já não me pertenciam. Abraço o espiritismo  kardecista que mostrou-me o valor da nossa caminhada e a  imensidão do mundo espiritual. Mas, negra não. Religiões afro- brasileiras, não, não. Não poderia fazer parte de mim. Ali era espaço  para eles.

E em meio aos vendavais encontrei o candomblé, ou o candomblé me  encontrou. Assim vi me sendo iniciada aos 34 anos, adentrando em  novos espaços que me permitiram ver tamanha riqueza. Mas, eu,  ainda branca. E neste espaço fui percebendo a riqueza e a fortaleza  do meu povo negro.

Eis aqui, aos 37 anos pude nascer negra. Nascimento que não foi  forçado como na cesárea. Foi parto natural, parto amadurecido, parto  que esperou tantos anos, filho mais que desejado.  Foi gestado e  alimentado com leitura, pois nasceu um tempo em busca da cura  física que foi transformada em tempo de alimento.

Nasci negra em meio à busca da cura física. Nasci negra e agora  como uma criança tenho desejos infinitos de entender este meu  mundo negro. Cada dia tem sido posto para grande descobertas,  momentos do passado que tento entender, pessoas e fatos que tento  entender. Encantamento com a vida nova. Braços vão sendo  apresentados a mim, mãos me ensinam a caminhar, pessoas  maravilhosas vão me guiando. E como toda criança, vou enchendo  meu coração de sonhos e ficando feliz com os presentes que me  chegam.

# Shirlene fica feliz com cada amigo e amiga que têm feito  pelos quatro cantos do Brasil. Tem Xangô como seu orixá de cabeça e  deseja semear ações que eliminem o racismo e as injustiças contra o  povo negro. Também deseja contribuir com novos nascimentos  negros. Sua casa espiritual é o Terreiro Xambá (Olinda).

Ponta de Pedras, Goiana, Pernambuco, 19 de abril de 2014 (Sábado  de aleluia para os cristãos).

sábado, 12 de abril de 2014

Livros digitais gratuitos




Uma boa dica, para quem deseja agregar conhecimento de qualidade e sem ter custos, é baixar obras digitais que abordam a história da África e a presença do negro no Brasil.

Na página do Centro de Estudos Afro-Orientais da UFBA,você encontrá bons materiais.

É só conferir:
http://www.ceao.ufba.br/2007/livrosvideos.php
A divindade do tempo em mim
Postagens marcadas pela ancestralidade negra




A busca pelo processo de cura física trouxe-me oportunidades e crescimento. Tempo de acreditar, de viver as horas de um outro jeito. O tempo tão corrido, aquietou-se. Era preciso dar tempo ao corpo, esperar os milagres cotidianos experimentados por nós: "Tempo, tempo, tempo...é um dos deuses mais lindos, né Betânia?" 

Na divindade do tempo, encontrei-me novamente com o gosto pela escrita comprometida com uma causa, com um caminhar..

Causa comprometida com a minha ancestralidade, com a riqueza deixada em meu sangue pelo meu povo negro. Pela riqueza deixada em meu espírito. Pela fortaleza e proteção dos meus orixás.

A oportunidade trazida junta com o tempo, trouxe-me a oportunidade de fazer leituras, enquanto meu corpo era cotidianamente submetido aos medicamentos, aos tratamentos, aos exames. Fiz do tempo em consultórios, clinicas e hospitais meu amigo para ler.

Era tanta informação assimilada que acabou transformando-se em um desejo. Desejo de compartilhar tanta coisa fortalecedora. Aos poucos e de forma tão forte, descobri-me mensageira; mensageira do mundo a mim desvelado. 

Sinto-me na " obrigação" em forma de gratidão de espalhar o que me chega, de unir forças ao lado de tanta junta que também acredita em espaços construídos visando à igualdade racial, à justiça. 

Eis que, numa sexta, à noite, quanto tantos estavam pelas ruas,  fez-se o "parto " de POSTAGENS NEGRAS...

Eis-me aqui a anunciar a minha cria...Cria que foi fertilizada com a criatividade do meu povo negro, com os Toques Negros.

* Gratidão à minha família que me acompanha e me sustenta neste processo de cura.
* Dedico ao meu filho Cauê, semente gerada em mim.
*Gratidão ao escritor Marcus Guellwaar Adún Gonçalves, que derrama de forma virtual lanças de força. 

Recife, 12 de abril de 2014
Literatura Negra
A efervescência da Ogum's Toques 


Imagem: Facebook Ogum's  Toques. Fafá M. Araújo

Escritores, ensaístas e poetas povoam a rede e publicam obras (reais e virtuais) com uma efervescência marcada pela força. Uma boa dica para acompanhar esta esfera é acompanhar o trabalho da Ogum's  Toques Negros. 

A iniciativa é do Coletivo Literário Ogum's  Toques e da Editora homônima, que lançaram (em papel) uma coletânea agregando diversos poetas negros.


O perfil no Face é espaço rico e atualizado. Vale a pena!

Confira:
Face: https://www.facebook.com/OgumsToques
Site: http://ogumstoques.com/
Intolerância religiosa
OAB atua no caso de terreiro incendiado em PE

Uma das manifestações mais visíveis de intolerância religiosa é a destruição dos espaços sagrados. No dia 01 de abril, o terreiro Ilê Axé Ogum Toperinã, em Goiana, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, foi invadido, depredado e incendiado. 

O caso está sendo acompanhado pela Comissão de Direito e Liberdade Religiosa da OAB-PE.

Saiba mais:
http://www.oabpe.org.br/2014/04/oab-pe-acompanha-caso-do-terreiro-incendiado/

sexta-feira, 11 de abril de 2014

LITERATURA
Entrevistas com Ebomi Cidália viram livro
Vivências de mais de 70 anos no candomblé foram reunidas



O livro "Ebomi Cidália – A Enciclopédia do Candomblé – 80 anos” é uma homenagem à sacerdotisa do Ilê Axé Iyamassê (Terreiro do Gantois). A obra, lançada no dia 11 de abril (Salvador) é uma homenagem à ebomi Cidália Soledade, que faleceu em 2012 com 82 anos.

Ebomi Cidália tinha 75 anos de consagração à religião dos orixás. Era dona de um grande carisma. Ficou conhecida pela sabedoria e capacidade de transmitir conhecimento numa linguagem que era facilmente absorvida pelo público a quem se dirigia. Por conta disso recebeu do professor Jaime Sodré o título de “Enciclopédia do Candomblé”.


Saiba mais:
http://www.igualdaderacial.ba.gov.br/2014/04/publicacao-destaca-a-vida-de-ebomi-cidalia-a-enciclopedia-do-candomble/